Segue uma quarta lista de adágios,[1] extraídos do livro Enfiada de Anexins Goeses, obra bilíngue (concani-português), de Roque Bernardo Barreto Miranda (1872-1935)[2].

Tradução literal | Tradução livre

Fôttquiryachém nãy sot, ani pav’sachém nãy vot. | Fottkireachem nhoi sot, ani pavsachem nhoi vot.

Não se deve fiar num homem mentiroso, como na luz do sol, no tempo invernoso.

Donn hoddyen’ar pãyem dovorlyar doriyant poddta. | Don hoddeamni paim dovorlear doriant poddta.

Aquele que firmar os pés sobre dois barcos, mergulha-se no mar.

Quem faz dois negócios opostos

ou claramente incompatíveis,

expõe-se a desastre e desgostos.

Natçunk nenom teká, angonn vankddém. | Nachunk nennom taka angonn vankddem.

A quem não sabe dançar, co’arte e geito,

o terreiro é que está torto, imperfeito.

Sempre um ignorante,

que tem petulância,

lança no outro as culpas

da sua ignorância.

Bhirant assá, punn lâz nam. | Bhirant asa, punn loz na.

Tem medo (que seja punido)

mas não tem vergonha (o atrevido).

Cat mely zalyar, zat melâ na. | Kat mell’li zalear, zat mellna.

Por se tornar a tez escura,

a casta não se desnatura.

A procedência de alguém

não se aquilata p’la cor

da tez que a pessoa tem.

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[1] Cf. terceira lista, Revista da Casa de Goa, Série II, No. 21, março-abril 2023, pp. 59-62

[2] Roque Bernardo Barreto Miranda, Enfiada de Anexins Goeses, dos mais correntes (Goa: Imprensa Nacional, 1931), com acrescentamento dos adágios na grafia moderna, pelo nosso editor associado Óscar de Noronha.

Publicado na Revista da Casa de Goa, Serie II, Set-Out 2023, No. 24, pp. 45-46